Por: Thais Leitão, da Agência Brasil
Padrões de consumo, exclusão social e danos ambientais são questões que devem ser avaliadas em conjunto para manter equilíbrio do planeta (Foto: CC/basmatic/Flickr
Rio de Janeiro – Os modelos de desenvolvimento aplicados no mundo inteiro perderam a capacidade de responder aos novos desafios e estão gerando crises que afetam os três pilares do desenvolvimento sustentável – ambiental, social e econômico. A avaliação é do secretário-executivo da Comissão Nacional para a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), embaixador Luiz Alberto Figueiredo.
Para Figueiredo, a conferência, que terá início daqui a um mês, no Rio de Janeiro, é a oportunidade de os países lançarem um olhar para os próximos 20 anos e mudarem os modelos atuais.
“Há crise nos três pilares do desenvolvimento sustentável e não é à toa. Algo não está sendo feito de maneira correta. Se continuamos fazendo o tempo todo a mesma coisa, nada muda. Ou se perpetua ou se agrava a situação. A Rio+20 é fundamental para sabermos como fazer certo para responder a essas crises”, afirmou, ao participar hoje (11), no Rio de Janeiro, de debate com profissionais da mídia sobre o evento.
Figueiredo ressaltou que essa mudança precisa envolver novos padrões de produção e consumo, capazes de integrar as dimensões social, ambiental e econômica.
“Não há possibilidade de desenvolvimento sustentável com fome, com estagnação da economia ou destruição ambiental. As três áreas têm que estar juntas”, disse.
O embaixador destacou que as decisões de implementar mudanças precisam envolver não apenas os governos presentes à conferência, mas a sociedade como um todo, incluindo as famílias e as empresas do setor privado que, segundo ele, têm papel fundamental nesse processo.
Ele lembrou que eventos como a Rio+20 ocorrem “na melhor das hipóteses” uma vez a cada dez anos e enfatizou a urgência das mudanças. “Não podemos deixar essa oportunidade passar. Esta é a hora de decidirmos realmente o futuro que queremos”, destacou.
Brics confirmados
Os presidentes Jacob Zuma (África do Sul) e Vladimir Putin (Rússia), além dos primeiros-ministros da Índia, Manmohan Singh, e da China, Wen Jiabao, já confirmaram participação na Conferência Rio+20, de 20 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. Todos pertencem ao chamado Brics.
No começo desta semana, o presidente eleito da França, François Hollande, que elogiou a política social do Brasil, também confirmou sua vinda ao país para o evento.
Por enquanto, 116 chefes de Estado e de Governo informaram que estarão presentes às discussões. Muitos governos enviarão ministros e assessores para o evento por dificuldades com a agenda política interna. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por exemplo, está em campanha pela reeleição.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que o desafio da conferência é buscar o consenso, sem acentuar as diferenças. Porém, tais desafios não podem afetar a expectativa de que a Rio+20 consagrará um marco sobre preservação ambiental, desenvolvimento sustentável e economia verde, definindo um novo padrão para o setor.
“A diplomacia consiste em conciliar multiplicidade de interesses. O interessante nesses objetivos é que se dirigem a todos os países da comunidade internacional”, afirmou.
Nos debates que antecederem a conferência e durante a Rio+20, os brasileiros destacarão a necessidade de conciliar as questões relativas à preservação ambiental, ao desenvolvimento sustentável e à economia verde com inclusão social. As autoridades querem mostrar que os avanços registrados no país credenciam o Brasil para a proposta.
Nas discussões, os brasileiros também defenderão a participação de populações excluídas nos debates. Para isso, haverá um espaço exclusivo para esses grupos e para as organizações não governamentais no Aterro do Flamengo, no Rio, denominado Cúpula dos Povos.
Com reportagem de Renata Giraldi, da Agência Brasil
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